quarta-feira, 22 de setembro de 2010

AMOR E PERDA





"E buscava a paz no por-do-sol
E a beleza nas auroras douradas
Acreditava que a única luz que precisava
era das estrelas nas noites sem nuvens...
Isso foi antes de conhecer você
De me aquecer com seu sorriso
Agora apenas as estrelas que brilham em seus olhos
são suficientes para mim.
Eu caminhava por campos ensolarados,
com a brisa beijando meu rosto
Acreditava que aquela suave carícia era tudo o que eu precisava
Isso foi antes de abraçar você, de encontrar prazer em seus carinhos
Agora apenas os beijos que vem de seus lábios são suficientes para mim.
Eu parava a noite na praia, e a maresia entrava em meus olhos
Acreditava que nunca choraria lágrimas que não fossem
aquelas do mar
Isso foi antes de perder você...
Agora minhas lágrimas são de tristezas
E elas não são suficientes para mim...
Eu cantava canções para mim mesma, sem me importar com quem ia ouvir...
Acreditava manter minha felicidade trancada dentro de mim...
Isso foi antes de amar você...
De me entregar sem reservas ou medos...
Pois você é tudo que eu preciso e sempre precisarei
E só o seu amor é suficiente para mim..."
Dálkia Andréia

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não Vou Mais Lavar os Pratos


Não vou mais lavar os pratos. Nem limpar a poeira dos móveis. Sinto muito. Comecei a ler. Abri outro dia um livro e uma semana depois decidi. Não levo mais o lixo para a lixeira. Nem arrumo mais a bagunça das folhas no quintal. Sinto muito. Depois de ler percebi a estética dos pratos, a estética dos traços, a ética, a estática. Olho minhas mãos bem mais macias que antes e sinto que posso começar a ser a todo instante. Sinto. Agora sinto qualquer coisa. Não vou mais lavar os tapetes. Tenho os olhos rasos d'água. Sinto muito. Agora que comecei a ler quero entender o por quê, por que e o por quê. Exintem coisas. Eu li,e li, e li... Eu até sorri e deixei o feijão queimar. E olha que feijão sempre demora para ficar pronto...Considere que os tempos agora são outros...Ah, esqueci de dizer: não vou mais. Resolvi ficar um tempo comigo. Resolvi ler sobre o que se passa conosco. Você nem me espere,você nem me chame. Não vou. De tudo o que jamais li, de tudo o que entendi,você foi o que passou. Passou do limite, passou da medida, passou do alfabeto. Desalfabetizou. Não vou mais lavar as coisas e encobrir as sujeiras inteiras, nem limpar a poeira e espalhar o pó daqui para ali e de lá para cá. Desinfetarei minhas mãos. Depois de tantos anos alfabetizada, aprendi a ler. Sendo assim não lavo mais nada e olho a poeira no fundo do copo. Vejo que sempre chega o momento de sacudir, de investir, de traduzir. Não lavo mais os pratos. Li a assinatura de minha lei áurea. Escrita em negro maiúsculo, em letras tamanho 18, espaço duplo. Aboli. Não lavo mais os pratos. Quero travessas de prata, cozinha de luxo e jóias de ouro. Legítimas. Está decretada a Lei Áurea.
Cristiane Sobral

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Terminou...


Eu não queria que terminasse assim,
Cheguei a pensar que envelheceríamos juntos,
Que um dia contaríamos nossa história aos nossos filhos,
Não acreditei que aquilo era o fim;

Eu não queria isso pra mim,
Na verdade eu queria
sentir-me em teus braços,
Quando me toquei de que havia sonhado,
Sonhos que nunca mais quero ter pra mim;

Naquele dia foi rápido demais,
Nem percebi a confusão que estava causando,
Você bem que poderia acabar evitando,
Porém não foi aquele homem capaz;

Então o nosso amor desmoronou,
Ferido como a ave de uma passarinho,
Impossibilitado de voar para o ninho,
Mas com o tempo podíamos ver que ele voôu;

Com carinho e com amor, ele se curou,
Senti assim que iria tê-lo de volta,
Fiquei completamente ansiosa,
Até a hora em que você disse que terminou...

Sempre é preciso saber...



“Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou esposa, seus amigos, seus filhos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração, e desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora, soltar, desprender-se. Ninguém está jogando nessa vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não tem data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou jamais voltará.
Lembre-se que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa. Nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade ou soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.”

Um dia a gente cansa...



Um dia a gente cansa de amar e não ser amada
De pedir atenção
De esperar um elogio
De olhar sozinha para o horizonte
De ser desejada
De receber declarações de amor
De esperar uma atitude bonita
De ser surpreendida com uma flor,um bilhetinho,um bombom
Um dia a gente cansa de amar
Um dia...simplesmente a gente cansa!






sábado, 19 de setembro de 2009

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Dá-me tua mão




Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

CLARICE LISPECTOR